24.6.10

Musashi de Eiji Yoshikawa

Após 1808 páginas, chega ao fim a narrativa que Yoshikawa compôs seguindo os passos da juventude de Miyamoto Musashi. Vencê-las faz parte da longa e prazerosa epopéia de cada leitor, que se sabe cada vez com menos tempo para a leitura e tem o peso de uma prateleira inteira dos muitos-livros-que-comprou-mas-continuam-enfileirados-esperando-serem-lidos incomodando-lhe a consciência. Não obstante, leitores de todo o Proust, do Quixote, que leram Guerra e Paz ou talvez Os miseráveis, sabem que essas leituras dispendiosas são elas mesmas—perdoado seja o exagero da comparação—jornadas de autodisciplina e aprendizagem como aquela empreendida pelo famoso samurai.

Ao longo de 1808 páginas, percorremos as estradas de um Japão recuperando-se após um longo período de guerra civil, conhecemos a intimidade de suas diversas castas sociais, apaixonamo-nos por suas dúzias de personagens que hoje integram o folclore vivo do Japão. Acabado o romance, ficamos abandonados à margem de um profundo mar desconhecido (título de seu último capítulo). Um mar sobretudo de ternura, em cujas recônditas profundezas nos descobrimos ávidos por mergulhar, na esperança de encontrar 1808 páginas a mais que dêem prosseguimento ao marulhar contínuo daquela história.

No comments: