GORKI, Máximo. A mãe
- Somos socialistas. Isto significa que somos inimigos da propriedade privada, que divide os homens, que os arma uns contra os outros, cria uma rivalidade inconciliável de interesses, mente ao pretender esconder ou justificar esse antagonismo e perverte a todos com a mentira, a hipocrisia e o ódio. Nós dizemos que uma sociedade que considera o Homem como um instrumento para se enriquecer é desumana, essa sociedade nos é adversa; nós não aceitamos a sua moral hipócrita e falsa. O seu cinismo e crueldade para com os seres humanos repugna-nos; nós queremos lutar, nós lutaremos contra todas as formas de servidão física e moral do homem por serviço de ambição. Nós, operários, cujo trabalho criou tudo, desde as máquinas gigantescas até os brinquedos das crianças, nós que estamos privados do direito de lutar pela nossa dignidade humana, nós, que todos procuram transformar em instrumentos para atingirem os seus fins, queremos agora ter a liberdade suficiente para que nos seja possível, com o tempo, conquistar todo o poder. As nossas palavras de ordem são simples: abaixo a propriedade privada! Todos os meios de produção para o povo! Todo o poder para o povo! Trabalho obrigatório para todos! Como vêem, não somos amotinados.
(...)
- Nós somos revolucionários e assim seremos enquanto houver alguns que apenas mandam e outros que apenas trabalham. Nós lutamos contra a sociedade cujos interesses vos ordenaram que defendêsseis e da qual somos inimigos irredutíveis, como somos também vossos e a reconciliação entre nós só será possível depois de termos vencido. E nós, os operários, venceremos. Os vossos mandatários estão longe de ser tão fortes como pensam! Os bens que eles juntam e que protegem sacrificando milhões de seres que subjugaram, essa mesma força que lhes dá o poder sobre nós, provocam entre eles próprios contradições antagônicas e arruínam-nos física e moralmente. A propriedade exige um esforço demasiado grande para se defender e, na realidade, vós todos, nossos donos, sois mais escravos do que nós; a vós, escravizam-vos o espírito; a nós, o corpo. Não conseguireis libertar-vos do jugo dos preconceitos e dos hábitos que vos matam moralmente; a nós, nada nos impede de sermos interiormente livres; o veneno com que nos intoxicais é mais fraco do que o contraveneno que derramais, sem querer, na nossa consciência. E essa consciência cresce, desenvolve-se sem parar, inflama-se cada vez mais e chama a ela tudo o que há de melhor, de moralmente são, mesmo do vosso meio. Vede: não tendes já mais ninguém que lute ideologicamente em nome do vosso poderio, esgotastes já todos os argumentos capazes de vos protegerem contra o avanço da justiça histórica; nada mais podeis criar de novo no domínio das idéias, sois ideologicamente estéreis. As nossas idéias crescem, iluminam com crescente claridade, ganham as massas populares e organizam-nas para a luta libertadora. A consciência do grande papel da classe operária une a todos os trabalhadores do mundo numa só alma, sendo-vos absolutamente impossível travar o processo da renovação da vida, a não ser com a crueldade e o cinismo. Mas o cinismo é evidente e a crueldade irrita. E as mãos que hoje nos estrangulam, apertarão em breve as nossas mãos. A vossa energia é a energia mecânica do aumento do ouro, ela une-vos em grupos condenados a devorarem-se mutuamente. A nossa energia é uma força viva – a crescente consciência da solidariedade entre os operários. Tudo o que fazeis é criminoso, pois o vosso único fim é escravizar os homens; o nosso trabalho liberta o mundo dos fantasmas e dos monstros engendrados pelas vossas mentiras, o vosso ódio e a vossa ambição para atemorizar o povo. Arrancastes o homem da vida e esmagaste-lo; o socialismo unirá o mundo destruído por vós num único todo grandioso. Assim será!
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