20.5.11

RICE, Anne. Entrevista com o vampiro

Enquanto bebia o sangue, não via nada a não ser aquela luz. E, em seguida, em seguida... um som. A princípio era um rugido rouco que depois se transformou num rufar, como um rufar de um tambor, cada vez mais alto, como se alguma imensa criatura estivesse saindo vagarosamente de uma floresta escura e estranha, rufando, enquanto andava, um enorme tambor. E, então, surgiu o rufar de um outro tambor, como se outro gigante viesse atrás do primeiro e, cada gigante, preocupado com seu próprio tambor, não desse importância ao ritmo do outro. O som foi se tornando cada vez mais forte até me dar a impressão de não estar apenas atingindo minha audição, mas todos os meus sentidos, de estar penetrando em meus lábios e meus dedos, na carne de minhas têmporas, em minhas veias. Principalmente em minhas veias, rufar após rufar; e subitamente Lestat afastou o pulso. Abri meus olhos e me contive ao notar que tentava segurar seu pulso, agarrá-lo, querendo fazê-lo voltar à minha boca de qualquer modo. Contive-me porque o rufar vinha de meu próprio coração, e que o segundo rufo vinha do dele.

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