24.11.11

BEZERRA, Paulo. O laboratório do gênio (posfácio de O duplo)

Literatura é arte feita de discurso, e arte é incompatível com literalidade, logo, o tradutor deve praticar a fidelidade ao espírito da obra, ao clima dos diálogos, deve encontrar o tom (...). Há momentos em que não basta ao tradutor conhecer o significado das palavras da língua de partida; precisa aprender a senti-las, saber captar a afetividade da sua entonação para interpretar seu real sentido e trazê-lo para a língua de chegada em linguagem adequada. Para tanto é mister que fale fluentemente a língua de partida, para poder ouvir sua oralidade e entender o que um escritor faz dela, porque o tradutor não traduz língua, traduz linguagem. E toda linguagem tem sua carga específica de afetividade, modo de ser da subjetividade das criaturas do mundo real convencionadas como personagens.

No comments: